Recentemente, em uma loja, um
vendedor me pediu uma nota de R$1,00 para facilitar o troco. Abri minha
carteira e me deparei apenas com uma nota de R$ 2,00, surrada, que ao tentar
retirar partiu-se ao meio. Não quis perder a piada, e entreguei a ele a metade
que estava em minhas mãos.
Após um segundo de espanto, o
caixa riu encabulado e respondeu: " - É... acho que essa não
resolve."
Insisti: "- Ué, meia nota de
dois reais vale um real, não?"
Sabia que eu estava errado,
claro, mas quis ver a reação do rapaz. No entanto, o que pode ser apenas uma piada,
na vida real pode ser uma tragédia.
O que é meia cédula de R$2,00? Ou
melhor, quanto vale meia cédula? Nada! Até mesmo para trocar a cédula
danificada por outra é preciso que se apresente ao Banco Central a maior parte
da mesma. Para se eleger, 50% dos votos mais um, às vezes até se exige uma
votação maior, como para se editar uma Emenda à Constituição da República.
Como já foi dito, "não se
pula um abismo com dois pulinhos". É preciso "pular de cabeça",
entrar na piscina, estar na chuva e se molhar. Algumas coisas, como as cédulas,
têm de ser completas para terem valor, se elas não estiverem completas, ou
inteiras, não valerão nem seu valor aparente relativo. Meia cédula R$2,00 não
vale um R$ 1,00.
Logo, o singelo incidente me
trouxe à memória algo importante: uma preparação sem foco ou sem paixão ou sem
exercícios não é meia preparação, mas preparação nenhuma. O concurseiro deve
estar pronto para fazer sacrifícios, que nada mais é do que eleger um foco e
investir nele. Sem isso, teremos meia cédula.
Na vida profissional, seja no
trabalho ou nos concursos, é necessário que estejamos completos e que nos
doemos por inteiro para que alcancemos nossos objetivos. E como a vida é
composta de vários espaços pelos quais transitamos, precisamos aprender a
dividir bem o tempo. Administrar o tempo envolve estar inteiro nos lugares e
tarefas, o que aumenta a produtividade e diminui o estresse. Isso inclui desde
estudar sem ficar fantasiando com passeios até estar com a família nos momentos
de lazer. Um cônjuge feliz é algo bastante "produtivo", não só para o
concurso, mas para a relação. E sem tempo de qualidade não existe nem estudo,
nem cônjuge, nem ninguém feliz.
A conclusão é que devemos dividir
o tempo de acordo com nossas escolhas e investir para estar realmente presente
a cada uma das atividades, desde o estudo/ trabalho até o lazer, ao tempo com a
família e os cuidados com a saúde. Aos que se interessam por ela, registro que
o dispêndio de tempo com a espiritualidade, dentro de limites saudáveis,
compensa pelo que traz de força interior, serenidade e equilíbrio.
A vida não é feita só de trabalho
e concurso. Uma vida sem família, amigos, atividade física e interação também
não é completa. O foco nos concursos é indispensável para a aprovação, mas você
precisa ter motivação e nada melhor para motivar que o amor dos entes queridos,
o zelo e o cuidado e, claro, a possibilidade de ao transformar sua vida,
transformar a vida daqueles que te cercam, tornando-as cada vez mais próspera.
Alguns passam a apenas estudar e com o tempo "surtam", ficando no
meio do caminho.
Quando se fala no esforço
necessário, lembremos que na fase de preparação temos que ser objetivos e
inteligentes. As atividades extras, por mais necessárias que sejam, podem e
devem ser limitadas. Todo exagero é perigoso. Ainda não é a hora de se ter
aquele "vidão" maravilhoso. É hora de separar todo o tempo possível
para o estudo e treinamento, e ter a disciplina de ter os momentos de
"recarregamento das baterias". A colheita futura irá premiar esse
esforço de organização e planejamento, e as duras e longas jornadas de estudo.
Entre as modalidades de
"meia nota" nos concursos, anoto: a pessoa que não consegue abrir mão
do excesso de lazer, ou que fica tentando fazer todos os concursos do mundo e
por isso estuda tudo pela metade. Há os que tentam passar estudando apenas
metade do programa contido no Edital (o que ele acha que tem mais chance de
cair), ou assistindo apenas metade das aulas. Tentar só estudar teoria, ou só
fazer questões é outra forma de apresentar ao mundo meia cédula de preparação.
Como você pode perceber, existem muitas formas de fazer as coisas pela metade.
Evite-as.
Outra coisa sobre
"notas" pela metade é a seguinte: nunca estude para tirar a nota
mínima. Estude para tirar a nota máxima. Não estude para tirar cinco, mas dez.
No estudo e nas demais atividades, não seja como aqueles que se entregam o
mínimo, fazem tudo de menos, se satisfazem com desempenhos medianos. O sucesso
não é para estas pessoas e agir assim, ou não, é uma questão de escolha. Como
já li em algum lugar, "se você não está dando seu máximo, para qual mundo
você está se guardando?"
Entregue-se de coração,
dedique-se. Esteja inteiro quando estudar, quando beijar, quando se exercitar.
Quando for dormir, não pense nos problemas da vida. Entregue-se ao sono, esteja
nele. Pense em como você é abençoado, de onde saiu e onde está, visualize os
lugares para onde quer ir. Seja grato pela cama, pelo teto, pelo momento de
descansar. Desligue-se por completo. Se a mente, ansiosa, insistir em pensar
nos leões a serem mortos, diga para si mesmo que irá pensar neles quando
acordar. Se é seguidor da Bíblia, lembre-se do Salmo 23, de Josué 1 e de
Filipenses 4. Isso ajudará você a relaxar.
Desejo, portanto, que você seja
completo, que tenha mais do que apenas meias notas, meios sonhos, meios
concursos e meia vida. Entregue-se por inteiro para a realização de seus sonhos
para que, ao final deste ano, possamos comemorar os progressos que só quem
caminha por inteiro pode experimentar.
Prof. William Douglas

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