Lia Salgado - Especial para o G1
Nos primeiros três meses deste
ano já tivemos concurso para Banco do Brasil, Caixa Econômica, Polícia Federal
e Ministério da Fazenda, com prova em 27 de abril, somente para citar alguns
dos concursos de nível médio. Além disso, as notícias sobre o concurso dos
Correios estão esquentando.
No mesmo período, ainda foram
publicados os editais de concurso da Receita Federal, Prefeitura de São Paulo
(ambos da área fiscal) e Petrobras. Na semana passada, foram autorizadas 600
vagas para agente da Polícia Federal, cujo edital deve ser publicado em até
seis meses, ou seja até setembro deste ano.
Com tantos e tão bons concursos
saindo, é muito importante o candidato saber o que fazer a cada novo edital
publicado, para não ficar tentando agarrar todas as oportunidades e, no fim das
contas, deixá-las todas escaparem.
Mande dúvidas sobre concursos no
espaço para comentários; perguntas selecionadas serão respondidas em coluna
quinzenal
Manter o foco
A primeira pergunta a ser feita
é: esse edital é da minha área de interesse? Eu já estava estudando essas
matérias?
Por melhor que sejam as
oportunidades, se você vai sair do zero, estará no fim de uma fila e as chances
são pequenas em relação aos que já vinham se preparando. E corre o risco de
daqui a pouco sair um edital da sua área, e você estar fora da sua fila,
envolvido em uma tarefa com pequena probabilidade de sucesso.
Mas, se o concurso for da área
para a qual você já estava se preparando, a segunda pergunta é: já vi boa parte
do conteúdo? Caso contrário, vamos cair na situação acima. Claro que é possível
dar uma arrancada entre o edital e a prova, e isso pode ser útil para alavancar
o estudo. Desde que, caso não seja aprovado, o candidato siga estudando para
estar em melhores condições na próxima oportunidade.
De toda forma, é importante
observar, com isenção, se não seria mais produtivo deixar o edital passar para
se preparar com qualidade para o seguinte. De modo geral, o candidato fica
ansioso e quer participar de qualquer jeito, contando um pouco com a sorte. É
uma decisão pessoal.
Todo o tempo do mundo
Se preparação para concurso é uma
maratona, o período entre o edital e a prova é corrida de velocidade. É um
prazo relativamente curto – não passa de dois meses – e todas as forças devem
ser concentradas para aumentar as chances de aprovação.
Assim, é o momento de adiar tudo
o que não estiver relacionado ao estudo (exceto o que realmente for importante
ou urgente), delegar tarefas e, se o candidato estiver trabalhando e for
possível, tirar férias para aumentar o número de horas de estudo.
Mesmo nesse período o equilíbrio
é importante para que o candidato não fique exausto e perda qualidade no
estudo.
Reprogramar
A publicação do edital muda
completamente a dinâmica de estudo. Antes do edital, o candidato estuda todas
as disciplinas, aprofundando aos poucos e lapidando o conhecimento com calma.
Edital publicado significa que nem sempre haverá tempo para o candidato ficar
pronto, por isso é preciso ter uma boa estratégia para saber o que e como
estudar até o dia da prova.
A primeira providência é examinar
atentamente o edital para saber se há matérias ou tópicos novos e que nunca
foram estudados. Atenção, porque muitas vezes os assuntos de uma disciplina
ficam sob o título de outra (por exemplo, matemática financeira no tópico de
matemática) e em alguns casos o nome da disciplina é mantido, mas o conteúdo
cobrado sofre muitas alterações.
Por outro lado, assuntos que
estavam na programação de estudo podem ter sido excluídos do novo edital e deve
ser abandonados pelo candidato.
Depois disso, é preciso contar o
número de dias e semanas até a prova e fazer uma nova distribuição de tempo
pelas disciplinas. Matérias que já foram bem estudadas devem ser apenas
revisadas pelo material previamente elaborado. Disciplinas específicas ou
surpresas do edital – tópicos ou matérias inteiras que tenham sido incluídas –
têm prioridade de tempo, porque são novidade para o candidato. O mesmo acontece
com matérias em que o candidato ainda tenha muita dificuldade.
Outros fatores que interferem no
tempo a ser dedicado a cada disciplina até a data da prova são: o número de
pontos que ela representará na prova, se virá isolada ou agrupada com outras e
a pontuação mínima exigida para que o candidato não seja eliminado.
Provas anteriores da banca
Mesmo que não dê tempo para
estudar tudo, é essencial que o candidato resolva provas de concursos
anteriores da banca organizadora do concurso. Isso dá uma referência de como o
conteúdo é cobrado, do tipo de questões que a instituição costuma fazer e dos
assuntos mais frequentes.
Com essas informações, o
candidato pode trabalhar as arestas e ficar mais seguro no dia da prova, o que
é uma vantagem relevante.
Requisitos e local das vagas
Nunca é demais lembrar que o
edital deve ser lido integralmente, para que o candidato conheça exatamente as
regras do seu concurso e não tenha surpresas depois.
Nesse sentido, são informações
básicas para que o candidato decida se deseja e pode participar daquele
concurso: o número e o local das vagas (ou se não há vagas imediatas e o
concurso é para cadastro de reserva), os requisitos necessários para o cargo, a
remuneração oferecida e as atribuições que terá, caso seja aprovado.
Retorno à maratona
Caso o resultado da prova não
seja favorável, o candidato deve voltar aos estudos - em ritmo de maratona
outra vez - para melhorar a preparação e estar pronto para um novo edital.
Mesmo que tenha sido aprovado,
pode ser interessante seguir estudando para manter a excelência e ser aprovado
em novas oportunidades. Isso porque o prazo de validade dos concursos pode ser
longo (dois anos, podendo ser prorrogado por mais dois) e cabe à administração
decidir quando convocar o candidato. Assim, quanto mais aprovações, maiores são
as chances de se tornar logo um servidor público.
Lia Salgado, colunista do G1, é
fiscal de rendas do município do Rio de Janeiro, consultora em concursos
públicos e autora do livro “Como vencer a maratona dos concursos públicos”
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